No Brasil, para ser médico basta pagar R$ 6 mil por mês, diz Cremesp

Publicado em:  01/02/2015

<p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px; background-image: initial; background-repeat: initial;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">A m&aacute; qualidade do ensino m&eacute;dico nas faculdades paulistas foi uma das causas apontadas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de S&atilde;o Paulo (Cremesp) para a reprova&ccedil;&atilde;o de 55% dos estudantes rec&eacute;m-formados que fizeram a &uacute;ltima edi&ccedil;&atilde;o do exame aplicado pelo &oacute;rg&atilde;o. O maior &iacute;ndice de reprova&ccedil;&atilde;o foi para alunos que estudaram em institui&ccedil;&otilde;es particulares: 65,1%. Nas universidades p&uacute;blicas, a reprova&ccedil;&atilde;o foi de 33%.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">&quot;No Brasil, para ser m&eacute;dico hoje, basta pagar R$ 6 mil por m&ecirc;s&quot;, criticou Braulio Luna Filho, presidente do Cremesp e organizador do exame, em refer&ecirc;ncia ao valor m&eacute;dio das&nbsp; mensalidades das faculdades particulares de medicina.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Ele sugere que o Cremesp fa&ccedil;a um acompanhamento dos rec&eacute;m-formados que n&atilde;o s&atilde;o aprovados no exame (veja no v&iacute;deo acima).</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Renato Azevedo J&uacute;nior, primeiro-secret&aacute;rio do Cremesp, acrescenta: &quot;As nossas escolas n&atilde;o fazem uma avalia&ccedil;&atilde;o adequada dos alunos. Todos os alunos saem aprovados. Dos 100 alunos que entram, 100 saem formados.&quot;</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o considera a cr&iacute;tica &quot;inapropriada&quot; e diz que &quot;a melhoria da forma&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica &eacute; prioridade&quot;, destacando a intensifica&ccedil;&atilde;o dos procedimentos de supervis&atilde;o, aperfei&ccedil;oamento dos instrumentos de avalia&ccedil;&atilde;o in loco para os cursos de medicina e implanta&ccedil;&atilde;o de um programa permanente de monitoramento.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O G1 entrou em contato com a Federa&ccedil;&atilde;o Nacional das Escolas Particulares (Fenep) para comentar as declara&ccedil;&otilde;es dos diretores do Cremesp, mas n&atilde;o obteve resposta at&eacute; a publica&ccedil;&atilde;o desta reportagem.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Obrigat&oacute;rio, mas n&atilde;o impeditivo</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Ao todo, 2.891 rec&eacute;m-formados, de 20 universidades particulares e dez p&uacute;blicas fizeram a prova, sendo 1.302 aprovados e 1.589 reprovados. Para ser aprovado, era preciso acertar 60% das 120 quest&otilde;es de m&uacute;ltipla escolha.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O exame passou a ser obrigat&oacute;rio em 2012, e desde esse ano os &iacute;ndices de reprova&ccedil;&atilde;o s&atilde;o acima de 50%. Na edi&ccedil;&atilde;o de 2013, 59,2% dos participantes reprovaram.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Segundo o Cremesp, das 30 escolas participantes do exame do ano passado, 20 n&atilde;o conseguiram atingir a nota de corte. As cinco maiores notas foram de institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas. e as dez piores, de faculdades particulares.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Todo rec&eacute;m-formado que queira atuar como m&eacute;dico no estado de S&atilde;o Paulo tem que fazer a prova do Cremesp. Mas n&atilde;o passar no exame n&atilde;o impede o estudante de obter o certificado para exercer a medicina (CRM).</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Tramita, no Senado Federal, desde 2004, o projeto de lei 217/2004 que exige a aprova&ccedil;&atilde;o em um exame nacional de profici&ecirc;ncia de medicina para exerc&iacute;cio da profiss&atilde;o. Atualmente, nem a resid&ecirc;ncia m&eacute;dica &eacute; exigida para que rec&eacute;m-formados trabalhem como m&eacute;dicos.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Riscos</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Renato Azevedo Junior, sublinhou que o resultado do exame mostra o risco de profissionais n&atilde;o capacitados podem gerar. &quot;N&oacute;s temos hoje certeza de que o rec&eacute;m formado que n&atilde;o consegue acertar 60% da prova tem graves problemas em sua reforma&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica e n&atilde;o vai atender adequadamente a popula&ccedil;&atilde;o.&quot;</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O primeiro-secret&aacute;rio afirma que &eacute; preciso &quot;estabelecer leis&quot; para impedir que os reprovados exer&ccedil;am a medicina no Brasil.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Os representantes do Conselho apontaram a m&aacute; qualidade das institui&ccedil;&otilde;es de ensino superior, as quais n&atilde;o teriam a estrutura para fornecerem um curso adequado para os alunos.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">&quot;S&atilde;o abertas escolas de medicina que n&atilde;o t&ecirc;m condi&ccedil;&otilde;es de formar um aluno de medicina. N&atilde;o t&ecirc;m professores qualificados, n&atilde;o t&ecirc;m laborat&oacute;rio, n&atilde;o t&ecirc;m biblioteca, n&atilde;o t&ecirc;m nada. Pior, n&atilde;o t&ecirc;m hospital escola&quot;, enumerou Renato Azevedo J&uacute;nior, apontando em seguida o grande n&uacute;mero de escolas de medicina no estado de S&atilde;o Paulo.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">&quot;N&oacute;s temos 30 escolas. O estado de S&atilde;o Paulo tem mais escolas de medicina que a Inglaterra. Estamos com 246 escolas no Brasil, isso se n&atilde;o abriu uma de ontem para hoje&quot;, afirmou Azevedo Junior.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Enade</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O presidente do Cremesp tamb&eacute;m criticou a efici&ecirc;ncia da avalia&ccedil;&atilde;o de conhecimento dos formandos em medicina feita pelo goveno com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). &quot;A prova do Enade &eacute; uma boa prova, mas n&atilde;o tem consequ&ecirc;ncia, nem para o aluno, nem para a escola&quot;, diz Luna Filho.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">&quot;N&atilde;o posso impedir que um incompetente se torne m&eacute;dico, e que ele tenha o mesmo direito que eu tenho. Isso porque ele tem um papel que uma institui&ccedil;&atilde;o credenciada pelo MEC emitiu. E eu tenho que reconhecer&quot;, completa o presidente do Cremesp.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">MEC faz avalia&ccedil;&atilde;o peri&oacute;dica</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Em nota, o MEC diz que desenvolve a&ccedil;&otilde;es para a maior qualidade dos cursos de medicina do pa&iacute;s como a &quot;institui&ccedil;&atilde;o de avalia&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica para curso de gradua&ccedil;&atilde;o em medicina, a cada dois anos, com instrumentos e m&eacute;todos que avaliem conhecimentos, habilidades e atitudes, e de avalia&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica anual para os Programas de Resid&ecirc;ncia M&eacute;dica&quot;.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Diz tamb&eacute;m que intensificou os procedimentos de &quot;supervis&atilde;o, aperfei&ccedil;oamento dos instrumentos de avalia&ccedil;&atilde;o in loco para os cursos de medicina e implanta&ccedil;&atilde;o de um programa permanente de monitoramento dos cursos&quot;.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">A pasta afirma que houve uma reformula&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica regulat&oacute;ria dos cursos de medicina, &quot;ampliando os crit&eacute;rios exigidos para o funcionamento dos cursos&quot;, e que foi adotada uma &quot;nova sistem&aacute;tica para abertura de cursos de medicina, com a possibilidade de chamadas p&uacute;blicas para apresenta&ccedil;&atilde;o de propostas de cursos a serem abertos em munic&iacute;pios pr&eacute;-selecionados&quot;.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">Sobre as cr&iacute;ticas ao Enade, o MEC afirma que &quot;o Sistema Nacional de Avalia&ccedil;&atilde;o da Educa&ccedil;&atilde;o Superior (Sinaes) n&atilde;o se baseia somente numa prova pontual, isolada, como &eacute; o exame realizado pelo Cremesp&quot; e que, al&eacute;m do Enade, h&aacute; etapas de &quot;auto-avalia&ccedil;&atilde;o da institui&ccedil;&atilde;o e avalia&ccedil;&atilde;o externa in loco, realizada pelo Inep, com a contribui&ccedil;&atilde;o de especialistas na &aacute;rea de educa&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica&quot;.</span></p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 21.2999992370605px; margin: 0px 0px 1.35em; color: rgb(68, 68, 68); font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 15px;"><span style="line-height: 18.3999996185303px; font-size: 12pt; font-family: Arial, sans-serif;">O MEC apresentou em dezembro de 2014 um conjunto de mais de 20 cursos de medicina que tiveram conceito insatisfat&oacute;rio, e que entrar&atilde;o em processo de supervis&atilde;o por parte da autoridade regulat&oacute;ria. O governo vai ainda criar 3.615 novas vagas de medicina em institui&ccedil;&otilde;es federais de educa&ccedil;&atilde;o at&eacute; 2017.</span></p> <div> &nbsp;</div>


TAGS


<< Voltar