Remédios para deficit de atenção podem normalizar o cérebro de crianças?

Publicado em:  06/02/2015

<div class="imagem-representativa imagem-615x300" style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51); width: 600px;"> <ul style="margin: 0px; padding-right: 0px; padding-left: 0px; border: 0px; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-stretch: inherit; line-height: inherit; vertical-align: baseline;"><li style="margin: 0px; padding: 0px 0px 10px; border: 0px; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-stretch: inherit; line-height: inherit; vertical-align: baseline; list-style: none;"><p class="credito-foto" style="margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 11px; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-stretch: inherit; line-height: 20px; vertical-align: baseline; color: rgb(153, 153, 153); text-align: right;">Elizabeth D. Herman/The New York Times</p><img alt="Pesquisa recente que sugere que remédios para tratar deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) podem &quot;normalizar&quot; o cérebro de crianças com o passar do tempo receberam críticas por não trazer muitas evidências" class="imagem" height="300" src="http://imguol.com/c/noticias/2015/02/05/5fev2015---pesquisa-recente-sugere-que-remedios-para-tratar-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-podem-normalizar-o-cerebro-de-criancas-com-o-passar-do-tempo-receberam-criticas-por-nao-trazer-muitas-1423182491776_615x300.jpg" style="margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-stretch: inherit; line-height: inherit; vertical-align: baseline; width: 600px;" title="Elizabeth D. Herman/The New York Times" width="600" /><p style="margin: 4px 0px 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 14px; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: bold; font-stretch: inherit; line-height: 20px; vertical-align: baseline;">Pesquisa recente que sugere que rem&eacute;dios para tratar deficit de aten&ccedil;&atilde;o e hiperatividade (TDAH) podem &quot;normalizar&quot; o c&eacute;rebro de crian&ccedil;as com o passar do tempo receberam cr&iacute;ticas por n&atilde;o trazer muitas evid&ecirc;ncias</p></li></ul></div> <p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">O Dr. Mark Bertin n&atilde;o prescreve rem&eacute;dios para o transtorno do deficit de aten&ccedil;&atilde;o com hiperatividade (TDAH) a torto e a direito.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">O pediatra do desenvolvimento de Pleasantville, em Nova York, n&atilde;o recebe propagandistas de rem&eacute;dio no consult&oacute;rio e diz que nem sempre receita rem&eacute;dios para crian&ccedil;as diagnosticadas com transtorno do deficit de aten&ccedil;&atilde;o com hiperatividade. Contudo, Bertin mudou h&aacute; pouco tempo a maneira pela qual fala sobre medicamentos, oferecendo aos pais um poderoso argumento. Segundo ele, pesquisa recente sugere que a medica&ccedil;&atilde;o pode &quot;normalizar&quot; o c&eacute;rebro da crian&ccedil;a ao longo do tempo, refazendo as conex&otilde;es neurais para que a crian&ccedil;a se sinta mais concentrada e no controle, muito tempo depois que o &uacute;ltimo comprimido foi ingerido.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">&quot;Pode haver um benef&iacute;cio neurol&oacute;gico bem profundo&quot;, ele declarou durante entrevista.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Um n&uacute;mero crescente de m&eacute;dicos que trata os estimados 6,4 milh&otilde;es de crian&ccedil;as norte-americanas diagnosticadas com TDAH est&aacute; ouvindo que estimulantes n&atilde;o apenas ajudam a tratar o dist&uacute;rbio como tamb&eacute;m podem fazer bem ao c&eacute;rebro dos pacientes. Em entrevista no ano passado para o Psych Congress Network, site de not&iacute;cias para profissionais da sa&uacute;de mental, o Dr. Timothy Wilens, chefe de Psiquiatria Infantil e Adolescente no Hospital Geral de Massachusetts, disse que &quot;n&oacute;s temos dados suficientes para afirmar que eles s&atilde;o neuroprotetores&quot;. Segundo ele, as p&iacute;lulas ajudam a &quot;normalizar&quot; a fun&ccedil;&atilde;o e a estrutura do c&eacute;rebro de crian&ccedil;as com TDAH para que, &quot;ao longo dos anos, elas se pare&ccedil;am mais com crian&ccedil;as sem TDAH&quot;.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">De longe, a medica&ccedil;&atilde;o j&aacute; &eacute; o tratamento mais comum para TDAH, com quase quatro milh&otilde;es de crian&ccedil;as norte-americanas tomando comprimidos &ndash; em geral, estimulantes, tais como anfetaminas e metilfenidato. Por&eacute;m, a decis&atilde;o pode ser angustiante para pais preocupados com os efeitos colaterais a curto e longo prazo. Se a p&iacute;lula puder mesmo produzir benef&iacute;cios duradouros, mais pais podem ser incentivados a dar a medica&ccedil;&atilde;o mais cedo aos filhos, continuando por mais tempo.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Para os principais especialistas em TDAH, no entanto, o veredito ainda n&atilde;o foi dado.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">&quot;&Agrave;s vezes, desejar alguma coisa nos d&aacute; a esperan&ccedil;a de que os benef&iacute;cios relativos impressionantes a curto prazo da medica&ccedil;&atilde;o em rela&ccedil;&atilde;o a outros tratamentos continuar&atilde;o al&eacute;m da inf&acirc;ncia, mas eu ainda n&atilde;o vi isso&quot;, disse James Swanson, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade da Calif&oacute;rnia, campus de Irvine. Coautor de famoso estudo subsidiado pelo governo federal, o Tratamento Multimodal do Transtorno do Deficit de Aten&ccedil;&atilde;o com Hiperatividade, Swanson disse que a pesquisa de acompanhamento constatou melhora geral, mas n&atilde;o grandes benef&iacute;cios a longo prazo depois de tr&ecirc;s anos, no caso de crian&ccedil;as tratadas com medica&ccedil;&atilde;o comparadas &agrave;s que n&atilde;o tomavam rem&eacute;dios. Como o estudo observava, um poss&iacute;vel motivo era o de que muitas crian&ccedil;as se recusavam a continuar tomando p&iacute;lulas depois de cerca de um ano, fato bem conhecido pela maioria dos pais desses meninos e meninas.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Pesquisa demonstrou que, em m&eacute;dia, o c&eacute;rebro de pessoas com TDAH tem apar&ecirc;ncia e funciona de forma diferente de quem n&atilde;o tem o dist&uacute;rbio, principalmente no que tange ao processamento de dois neurotransmissores importantes: dopamina e norepinefrina. Para a maioria das pessoas com TDAH, estimulantes podem melhorar temporariamente a concentra&ccedil;&atilde;o, motiva&ccedil;&atilde;o e autocontrole, elevando a disponibilidade desses mensageiros qu&iacute;micos. A quest&atilde;o &eacute; se tais efeitos conseguem durar quando deixaram a corrente sangu&iacute;nea.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Ao defender a &quot;normaliza&ccedil;&atilde;o&quot;, Wilens citou uma grande an&aacute;lise cr&iacute;tica publicada em &quot;Journal of Clinical Psychiatry&quot;, em 2013, que avaliou 29 estudos do c&eacute;rebro. Embora tais pesquisas tivessem m&eacute;todos e metas diferentes, os autores afirmaram que, em conjunto, eles sugeriam que os estimulantes &quot;est&atilde;o associados &agrave; atenua&ccedil;&atilde;o de anormalidades na estrutura, fun&ccedil;&atilde;o e bioqu&iacute;mica cerebral em pacientes com TDAH&quot;.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Todavia, outros especialistas em TDAH questionam essa conclus&atilde;o. O Dr. F. Xavier Castellanos, diretor de pesquisa do Centro de Estudos Infantis da Universidade de Nova York, qualificou de &quot;exageradas&quot; as afirmativas segundo as quais estimulantes s&atilde;o neuroprotetores. Para ele, &quot;a melhor infer&ecirc;ncia &eacute; a de que n&atilde;o existem provas de danos provocados pela medica&ccedil;&atilde;o; a normaliza&ccedil;&atilde;o &eacute; uma possibilidade, mas est&aacute; longe de ser demonstrada&quot;.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">O TDAH &eacute; um diagn&oacute;stico excepcionalmente controverso, e a pol&ecirc;mica em particular se concentra em pesquisadores, incluindo o pr&oacute;prio Wilens e alguns dos autores do estudo de 2013, que receberam patroc&iacute;nio financeiro de laborat&oacute;rios farmac&ecirc;uticos. Por e-mail, Wilens disse n&atilde;o ter recebido &quot;nenhum ganho pessoal&quot; do setor farmac&ecirc;utico desde 2009.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Como v&aacute;rios especialistas observaram, um grande obst&aacute;culo para determinar os impactos em longo prazo do rem&eacute;dio para TDAH &eacute; que um estudo modelo exigiria que os pesquisadores dividissem crian&ccedil;as ao acaso em um grupo que recebe a medica&ccedil;&atilde;o e outro que n&atilde;o. Tal pr&aacute;tica tem sido considerada anti&eacute;tica em fun&ccedil;&atilde;o da cren&ccedil;a disseminada de que a medica&ccedil;&atilde;o pode ajudar crian&ccedil;as com problemas, pelo menos a curto prazo.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">E outra pesquisa fez surgir novas preocupa&ccedil;&otilde;es. Estudo revisado por especialistas em 2013, de coautoria de Swanson, sugeriu que os estimulantes podem modificar o c&eacute;rebro com o tempo, levando a enfraquecer a resposta em longo prazo &agrave; medica&ccedil;&atilde;o e at&eacute; mesmo aumentando os sintomas quando as pessoas n&atilde;o tomam mais rem&eacute;dios.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">O Dr. Peter Jensen, ex-diretor assistente de pesquisa infantil e adolescente do Instituto Nacional de Sa&uacute;de Mental, alertou os pais a n&atilde;o tentar for&ccedil;ar os filhos com TDAH a tomar rem&eacute;dios quando eles n&atilde;o quiserem, acrescentando que &quot;a maioria das crian&ccedil;as n&atilde;o quer&quot;.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">Agora chefe do REACH Institute, organiza&ccedil;&atilde;o sem fins lucrativos de &acirc;mbito nacional voltada &agrave; sa&uacute;de mental das crian&ccedil;as, Jensen entrevistou cem pais de filhos com mais de 20 anos que foram diagnosticados com TDAH, querendo saber o que fizera mais diferen&ccedil;a.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">&quot;Oitenta por cento responderam &#39;Ame seu filho. Ajude-o a se defender sozinho e ache um m&eacute;dico que trabalhe ao seu lado nos bons e maus momentos, quer voc&ecirc; o medique ou n&atilde;o.&#39; Somente uma minoria desses pais mencionaram a medica&ccedil;&atilde;o&quot;, contou Jensen.</p><p style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);">&nbsp;</p> <h4 style="font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; font-stretch: inherit; line-height: 24px; vertical-align: baseline; color: rgb(51, 51, 51);"> <span style="font-size:10px;"><em style="margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-stretch: inherit; line-height: inherit; vertical-align: baseline;">Katherine Ellison foi correspondente estrangeira vencedora do pr&ecirc;mio Pulitzer e &eacute; coautora de sete livros, incluindo &quot;What Everyone Needs to Know about ADHD&quot; (o que todos precisam saber sobre a TDAH, em tradu&ccedil;&atilde;o livre, Oxford University Press), no prelo, escrito em parceria com Stephen Hinshaw, subdiretor de Psicologia, do departamento de psiquiatria da Universidade da Calif&oacute;rnia, campus de San Francisco.</em></span></h4>


TAGS


<< Voltar