Publicado em: 29/05/2017
O médico psiquiatra Quirino Cordeiro Junior, que recentemente assumiu cadeira de Coordenador-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, ministrou a conferência "Saúde Mental na Saúde Pública: aprofundando as reformas" na manhã de sábado, dia 27 de maio, durante a II Jornada Maringaense de Psiquiatria. Com cerca de 20 anos de experiência em Psiquiatria e trabalhos com Saúde Mental, o especialista falou para um público atento de mais de 300 pessoas.
“O Brasil tem hoje 2.500 CAPs e 20 mil leitos psiquiátricos. A OMS estima que haja mais de 11 mil pessoas com depressão no país e que mais de 6 milhões de brasileiros sofrem com transtornos mentais severos e persistentes. Os CAPS atendem 40 pacientes ao dia. A conta não fecha, né?”, questionou. Em sua fala, Dr. Quirino apresentou dados do Ministério da Saúde sobre saúde pública, reformas e organização da rede de atendimento psiquiátrico. Ele apresentou um histórico, com informações sobre a transição do Modelo Assistencial, a situação da Assistência em Saúde Mental no Brasil hoje e colocou alguns pontos para discussão a partir do cenário epidemiológico, a quantidade e o modelo de assistência nos CAPS, a lacuna assistencial entre Atenção Básica e CAPS, a questão das internações psiquiátricas e do financiamento.
O segundo dia de atividades também contou com a presença de renomados especialistas do Estado e de outras regiões do país falando sobre diferentes abordagens psicoterápicas em transtornos mentais, transtornos psicóticos e aspectos controversos na Psiquiatria forense. Na manhã de sábado, dia 27 de maio, o Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente, Gustavo Manoel Schier Dória, prestigiou os participantes da Jornada falando um pouco sobre a polêmica que envolve a medicação em Psiquiatria infanto-juvenil. Em sua conferência “Crianças e adolescentes com problemas comportamentais quando é a hora de medicar”, ele falou que o assunto tem sido objeto de debate e controvérsia tanto no público em geral quanto entre os especialistas em saúde mental, especialmente no que diz respeito à adequação e segurança do uso de medicamentos para tratar problemas emocionais e comportamentais durante o desenvolvimento, mas reforçou: “há evidências de que alguns medicamentos podem ajudar a gerenciar os sintomas, melhorar o funcionamento e acelerar a recuperação”.
“Aspectos Controversos na Psiquiatria Forense” foi o tema da palestra ministrada pelo Dr. Carlos Augusto Maranhão de Loyola, médico psiquiatra, perito judicial e observer fellow no Tufts Medical School, Laboratório de Transtornos de Humor, supervisionado pelo Dr. Nassir Ghaemi (Boston-USA). Para tratar do assunto, ele utilizou um relato de caso para exemplificar questões práticas da perícia psiquiátrica, da incapacidade para o trabalho, do nexo causal ou concausalidade, da imputabilidade e inimputabilidade penal, além de perícias de erro médico ou para liberação de medicação especial.
No período da tarde, o Prof. Dr. Itiro Shirakawa, professor Titular da UNIFESP-EPM e vice presidente da ABP durante o período de 2010 a 2016, em sua conferência sobre “Transtornos Psicóticos”, falou sobre o que há de novo em esquizofrenia. Ele, que é um dos maiores especialistas do país no assunto, apresentou o assunto falando sobre passado, presente e futuro do diagnóstico, tratamento e prevenção – passando pelas alterações do neurodesenvolvimento, no sistema dopaminérgico e glutamatérgicas (quais são, quando se iniciam e por que ocorrem) até chegar nos estudos genômicos para identificar modificações epigenéticas e mapear os circuitos neuronais. O especialista reforçou que a esquizofrenia não é explicável por um modelo único e que a vulnerabilidade pré-mórbida parece ser causada por múltiplos fatores genéticos e ambientais que interagem afetando precocemente o desenvolvimento do cérebro.

Para fechar com chave de ouro as atividades científicas da programação, a Mesa Redonda “O suicídio na visão de diferentes abordagens psicoterápicas”, coordenada pelo Dr. Milton Toshio Kameoka, contou com a presença da pluralidade de especialistas para abordar este assunto que está em voga devido ao Desafio da Baleia Azul e da Série da Netflix 13 Reasons Why.
O médico psiquiatria especialista em psicoterapia psicanalítica e mestre em psicologia e psicanálise, Cleto Rocha Pombo, falou sobre a Abordagem Psicodinâmica Atual. Dr. Milton de Paula, médico psiquiatra e terapeuta cognitivo, diretor do Centro de Terapia Cognitiva Veda de Maringá e presidente da Associação de Terapias Cognitivas do Paraná (ATCPR), apresentou a abordagem Cognitivo-Comportamental. Para falar sobre a Abordagem Gestáltica, a psicóloga Geiscielly Brabosa da Silva Tadei, que é especialista em THC Gestalterapeuta, mestre em educação escolar com o foco em psicologia da educação e doutora em educação escolar com o foco em psicologia da educação e testes psicológicos.