Publicado em: 25/07/2017
As tentativas de suicídio e de automutilação entre crianças e adolescentes tem assustado principalmente pais e educadores. No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é hoje a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos, atrás apenas de violência interpessoal e acidentes de trânsito. Com o intuito de contribuir com informações especializadas sobre o tema, instigar ações de prevenção para que novos casos não aconteçam e reforçar a ideia de que alguém em sofrimento precisa de ajuda profissional, a Associação Paranaense de Psiquiatria, por meio do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência, realizou mais uma atividade do "Programa Papageno: Como ajudar alguém com risco de suicídio?". O evento aconteceu no dia 13 de maio e reuniu, no auditório da PUCPR, uma centena de profissionais de educação que trabalham com jovens em escolas particulares e das instituições de ensino nas redes municipal e estadual.
O Mapa da Violência 2017, feito com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, divulgado em abril, já revelava um aumento de quase 10% das taxas de morte por suicídio de 2002 a 2014, na faixa dos 15 aos 29 anos. Se o período observado for maior (de 1980 a 2014), esse aumento é constante, da ordem de 27%.
Os casos de depressão – uma das principais causas de suicídio – também têm aumentado. Um estudo da Universidade de Washington e da Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins Bloomberg, publicado no final de 2016, já apontava um salto de 8,4% para 11,3% do número de jovens que haviam enfrentado um episódio depressivo no intervalo de 2005 a 2014. Para complicar, a puberdade e as oscilações emocionais típicas da adolescência têm começado cada vez mais cedo, num momento em que, muitas vezes, a inexperiência e a falta de maturidade dificultam a resolução de conflitos pessoais.
A atividade organizada pela entidade representativa dos médicos psiquiatras no Estado iniciou com uma palestra sobre “Conceitos do comportamento suicida”, ministrada pelo Prof. Marcelo Daudt von der Heyde, médico psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria e vice-presidente da Capital da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ). Para o diretor da APPSIQ, que atua como preceptor da residência médica em psiquiatria do Hospital Nossa Senhora da Luz e professor de psiquiatra da Universidade Federal do Paraná, é necessário desmistificar questões enraizadas na sociedade.
Na sequência, a médica psiquiatra Sarah Rückl PhD, doutora em Psiquiatria pela Universidade de Heidelberg, Alemanha e Pós-doutora em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais, falou sobre “Bullying”. A supervisora da Residência Médica da Clínica Heidelberg esclareceu dúvidas dos educadores sobre um tema tão polêmico e controverso nas escolas.
O médico psiquiatra, Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente e Mestre em Psiquiatria, Prof. Gustavo Manoel Schier Dória, ministrou palestra com o tema “Detecção de jovens com risco para suicídio”. O objetivo do coordenador da Residência de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da UFPR e coordenador do Ambulatório Geral de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Ambulatório de TDAH e Transtornos Disruptivos do HC/UFPR foi ajudar os educadores a perceber quando há risco iminente de suicídio e como encaminhar o jovem de modo a criar uma rede de apoio e oferecer tratamento adequado.
As ações do programa Papageno são intermitentes. Já aconteceram palestras de orientação e treinamento para a população, educadores, profissionais da imprensa e estudantes universitários em Curitiba, Maringá e Cascavel. A intenção é estender a ação para toda a sociedade a fim de criar um “efeito Papageno” na população, estimulando a discussão sobre suicídio de forma positiva, oferecendo informações com fatores protetores à população e desmistificando o tema, que ainda é um tabu.
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http://www.psiquiatria-pr.org.br/programa-papageno-uma-acao-criada-para-estimular-a-discussao-sobre-suicidio-de-forma-positiva/